Os motoristas do IML, na unidade que funciona no Recife, estão se recusando a dirigir as viaturas fúnebres do órgão, segundo eles, devido às más condições de manutenção e conservação a que estão submetidos os veículos. O movimento, que ainda não foi caracterizado como greve pela categoria, mas como uma ação de advertência, deu os primeiros passos na última quarta-feira e conseguiu maior adesão dos profissionais do setor de transporte durante o fim de semana, quando a demanda pelos serviços do IML costuma aumentar. Devido à paralisação, alguns policiais militares foram chamados para conduzirem as viaturas. Na noite do último sábado, dois deles davam plantão no IML. Normalmente, trabalham, no plantão diurno, três motoristas e seis auxiliares, e no noturno, dois motoristas e quatro auxiliares. A unidade do IML no Recife conta com um total de 15 motoristas e oito viaturas.
Segundo um dos motoristas, que pediu para não ser identificado, a maioria das viaturas fúnebres, responsáveis pela remoção de cadáveres, principalmente, em locais de crime, não possui a mínima condição de uso. “Estamos sendo obrigados a rodar todos os dias com veículos completamente sucateados, sem os equipamentos necessários para a realização do nosso trabalho. Em praticamente todas as viaturas, as bandejas e gavetas, por exemplo, onde são armazenados os corpos, estão quebradas. Já aconteceu de um cadáver cair depois de ter sido colocado no carro, porque além da porta não travar direito, a gaveta estava quebrada”, denunciou. Ainda de acordo com ele, nos veículos faltam recursos essenciais como faróis, luz interna, freio de mão e pneus em bom estado. “Já teve até curto-circuito na instalação elétrica de uma das viaturas. Um dos carros está com o pneu rachado. É a mesma viatura que perdeu uma das rodas recentemente, no meio de uma ação”.
Outro funcionário do setor de transportes do IML afirmou que além da precariedade dos veículos, os motoristas e seus auxiliares trabalham sem o mínimo de proteção individual. “Não recebemos máscaras, luvas ou botas para trabalhar. As que temos aqui foram compradas com o nosso dinheiro, porque não dá para trabalhar sem esses equipamentos de proteção individual. Não temos nem capa de chuva aqui”, afirmou.
O gestor da Polícia Científica, Franscico Sarmento, confirmou que policiais militares assumiram os plantões dos motoristas do IML durante o fim de semana. Estes servidores, segundo ele, fazem parte uma equipe de Força Tarefa Extra, que trabalha nas ocasiões de profissionais se ausentarem dos postos. Quanto as denúncias de más conservações das viaturas e da não entrega de equipamentos de proteção individual (EPI), o gestor negou que as informações procedem.
“A SDS (Secretaria de Defesa Social) fez, recentemente, avaliações em boa parte dos carros. Aos poucos, estamos substituindo as viaturas. A medida que outras vão sendo utilizadas, as antigas vão sendo recuperadas, porque elas sofrem muito desgaste, pelo fato de trabalharem todos os dias, nas 24 horas. Todos os servidores só trabalham com equipamentos individiais, seja os motoristas ou até os auxiliares que atuam na sede”, frisou Francisco Sarmento. O gestor da Polícia Científica acrescentou que a SDS está concluindo uma licitação para locar outros quatro novos veículos. “Com esses novos carros, passaremos para 12 viaturas nas ruas”. |